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Ao longo de minha jornada enquanto psicóloga, tenho aprendido muito com meus pacientes. Aprendo sobre a vida com o olhar adolescente que me trás o frescor da juventude, aprendo sobre as várias formas de sofrimento com meus pacientes adultos deprimidos, mas, sobretudo, aprendo muito sobre os conflitos do conviver humano quando atendo casais.
Os casais estão em desencontro e isto me leva a lembrar da teoria do Zygmunt Bauman sobre as relações líquidas. Recebo em meu consultório muitos casais em conflito. Os jovens procuram o consultório com o objetivo de conseguir ministrar a arte do "com viver " sem tantos desencontros da ordem do egocentrismo. Viver com o outro, pressupõe entrega. Essa é a grande dificuldade dos jovens, que em um mundo de consumo e egoísmo não conseguem enxergar e ouvir o outro. Estão em luta constante como se o cônjuge não fosse um parceiro. A busca pela felicidade é sempre o objetivo, porém não sabem o caminho.
Para os casais amadurecidos, com décadas de relacionamento, tenho a impressão que o dia a dia vai cavando um abismo, em que cada um permanece de um lado e assim os gritos de socorro não são ouvidos!
O desencontro é crescente e mantido por vários fatores, dentre eles a falta de alimentar o romance, desinteresse sexual, dominância, dependência econômica, dentre muitos outros. Parece que os anos, inversamente do que deveria, contribuem para a falta do diálogo e interesses em comum. Os filhos, o patrimônio ou ambos geram uma espécie de zona de conforto da qual nenhum quer sair, apesar de estar sendo infeliz.
A psicoterapia de casal tem por objetivo restabelecer o link quando tudo parece estar perdido. Sim, a ligação que um dia se chamou de amor pode ser reencontrada. Mas é preciso ter coragem para retirar do baú de mágoas todos os farrapos acumulados ao longo dos anos.
Quando o casal investe em cuidar da relação, o casamento pode ganhar nova roupagem ou o casal pode perceber que não há mais nada a fazer e passar para o estágio de uma separação madura e pacífica.
O que não pode jamais acontecer é o casal condenar-se à infelicidade eterna por puro medo de encontrar a verdade sobre sua relação.
